Cruzamos mais uma fronteira... Pegamos um trem e partimos da França até a Espanha.
O bom da Europa é que podemos conhecer vários países em pouco espaço de tempo, pois são todos muito perto. Inclusive, é mais rápido cruzar todo o continente europeu do que ir de norte à sul no Brasil.
Voltamos à Barcelona, agora para passar 4 dias e aproveitar mais dessa cidade incrível. Ficamos num hotel/motel bem no centro da cidade. O quarto era super confortável, com uma cama grande, uma banheira com água extremamente quente (perfeita para cozinhar nós dois) e Internet boa.
Separamos um dos dias para um tour guiado em algumas obras de Gaudí e nos demais fizemos nosso próprio horário para caminhar pela cidade, ir em restaurantes e descansar.
Barcelona é uma cidade antiga apenas por tempo de existência, pois é um lugar extremamente moderno. Lá tem tudo de maravilhoso: bom clima, mar, praia, lindas praças, porto, aeroporto, metrô, parque de diversões, shoppings, feiras...
Não lembro exatamente a ordem de nossos passeios, mas fizemos muita coisa juntos, inclusive nada. Adoro momentos "fazendo nada" onde estamos apenas curtindo o "dolce far niente"...
Mas com certeza um dos lugares que mais fomos foi a "La Rambla" que é uma rua bem movimentada no centro da cidade. Ela é cheia de artistas de rua, lojas e restaurantes. Em sua extensão podemos disfrutar da parte antiga e moderna da cidade, e não tem como estar em Barcelona sem passar por ela...
Barcelona se parece um pouco com outras cidades europeias que já visitei, com ruas estreitas no centro histórico, edifícios medievais, grandes igrejas e algumas praças com restaurantes.
Visitamos cada lugar sem pressa, disfrutando a companhia um do outro. Eu estava com minha sensibilidade aflorada. Lembro de um dia de nossas caminhadas em que paramos num café pois eu precisava usar o banheiro, dentro do banheiro só havia uma cabine com vaso sanitario que estava ocupada, então fiquei pacientemente esperando minha vez do lado de fora. Uns 10 minutos depois saiu uma senhora, ela estava com as calças no joelho, pedia papel higiênico e chorava. O cheiro forte invadiu todo o espaço. A funcionária do café entregou um gade rolo de papel a ela. Eu decidi dar mais privacidade e voltei para a mesa.
Comemos um croissant e esperei a senhora sair para poder usar o banheiro. Eu estava tão sensível que comecei a chorar, me lembrei das tantas vezes que isso já aconteceu com minha mãe, e como deve ser agoniante estar sozinha em uma situação como essa. Eu não conseguia conter minhas lágrimas.
Quando fui usar o banheiro, havia resquícios de fezes por todo lado (caixa da descarga, piso e até na parede). Percebi que houve a intenção de limpar, mas o feito não foi tão eficiente. Eu então usei todos os meus lenços umedecidos e dei um trato no lugar (sempre carrego um pacote de lencinhos na bolsa). Saí de lá bem mais aliviada, e espero que a senhora esteja bem.
Em outro dia de caminhada, pegamos um teleférico que além de ter uma vista linda da cidade, ele nos leva até um lugar não muito turístico, mas bem bonito: A montanha de Montjuic.
E é desse lado que está o teatro Grego, que apesar do nome, a construção não foi feita pelos antigos gregos, ele foi projetado e construído em 1929 pelos arquitetos Ramon Reventós e Nicolás María Rubió Tudurí, que se inspiraram na planta do teatro Epidauro e aproveitaram a antiga pedreira da montanha com o muro de pedra talhada para fazer o lugar. Possui também um belo jardim e vale a pena visitar se estiver com tempo. Nesse dia minha menstruação desceu e eu percebi porque estava tão sensível.
Numa das nossas noites, após caminhar bastante pelo centro, aproveitamos para assistir a um espetáculo de Flamenco no Palau de la Música Catalana (Palácio da Música Catalã). O lugar em sí já é um espetáculo à parte, com uma arquitetura incrível.
O edifício é simplesmente impressionante e imponente e vale a pena mergulhar no seu interior e encantar-se com a riqueza de detalhes deste extraordinário edifício. A sala de concertos é uma obra-prima do arquiteto Lluís Domènech i Montaner – ao lado de Antoni Gaudí, tá aí a explicação!
Pra quem não sabe, a grande atração de Barcelona, que não é só uma, são as obras de Gaudí. Antonio ou Antoni Gaudí (como é conhecido) foi um arquiteto espanhol que possuía um estilo único em suas obras, pois além de possuir um talento inigualável, ele dominava as técnicas de: cerâmica, vitral, ferro forjado e marcenaria. Suas obras estão espalhadas por vários lugares da Espanha, mas a maioria delas estão em Barcelona, onde ele viveu até 1926.
Tivemos o prazer de visitar algumas das obras de autoria dele que estão espalhadas pela cidade:
- A Casa Batlló é fácil de encontrar caminhando pela cidade, ela chama a atenção por sua fachada decorativa e suas formas incomuns, parecidas com caveiras e máscaras carnavalescas ao mesmo tempo.
- Casa Milà, também conhecida como La Pedrera, está a poucos metros da Bartló. Ambas tem que pagar para entrar, então apreciamos apenas a faixada.
- Parque Güell, lugar que seria um condomínio residencial para gente rica, mas acabou se tornando um parque por falta de interessados em morar lá.... Hoje com apenas 4 casas construídas, onde uma delas era a do próprio Gaudí, forma um conjunto de beleza natural com construções únicas.
O Parque Güell é um reflexo da plenitude artística de Gaudí, pois foi no período de sua construção que o arquiteto aperfeiçoou o seu estilo pessoal, inspirando-se nas formas da natureza e pondo em prática uma série de novas estruturas originadas na análise da sua geometria.
- Sagrada Familia, lugar que Gaudí dedicou 40 anos de sua vida e onde literalmente passou seus os últimos dias, pois nos últimos 6 meses antes de morrer ele dormia em um colchão dentro da obra... Apesar dele só ter construído a fachada principal com temas de Natal e uma cripta enquanto estava vivo, ele deixou por escrito todo o projeto e outros arquitetos puderam dar continuidade a obra... Hoje, quase 100 anos após sua morte, ainda não está concluída, mas já é considerada por muitos críticos como uma obra-prima... E realmente o lugar é incrível, as fotos não conseguem mostrar nem 10% de toda a grandeza e riqueza de detalhes de lá... Foi pra mim um dos lugares mais impressionantes que já visitei e espero voltar quando a obra finalmente for concluída.
Em nosso último dia em Barcelona, meu lindo voltou para o Brasil. Foram dias maravilhosos juntos, um mês inteirinho só de coisas boas.
Agora ele teve que voltar a trabalhar e eu seguirei minha vida de viajante. Ser viajante não é impedimento algum para se relacionar com alguém, nunca foi!
É muito bom poder ter alguém que viaje com a gente, e é melhor ainda se esse alguém também apoia nossa liberdade quando queremos voar sozinha, pois sabemos que isso não diminui o que sentimos e temos a certeza de que teremos outras viagens maravilhosas juntos. Amei nossos momentos!
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