Ressaca com TPM

É incrível como os hormônios podem mexer com o emocional de uma mulher... As vezes desejo chegar logo na menor pausa só para deixar de sentir a sensibilidade melancólica da minha TPM.

São quase duas da tarde e estou sentada em uma cafeteria na cidade de Burgos (Espanha) onde provavelmente devo ficar por mais umas 3 horas enquanto espero o ônibus que me levará até Portugal.

Já pedi todo tipo de líquido (sem álcool) desde suco, café, leite, chá e muita, muita água para curar a ressaca de ontem, ressaca alcoólica misturada com ressaca moral. As vezes acredito que romantizo muito a vida... Mas até que não é ruim, a vida de viajante é incrível, principalmente quando queremos "sumir do mapa" passando por dentro dele.

Hoje é um daqueles dias que choro até vendo vídeos no Instagram... Ainda bem que passa!

Castrojeriz (Espanha)

Há uns 40km de Burgos, Castrojeriz é uma pequena joia localizada na região de Castilla e Leon (norte da Espanha). Embora seja uma cidade pequena, com uma população que mal ultrapassa os 800 habitantes, ela desempenha um papel significativo para os peregrinos que percorrem o Caminho Francês, uma das rotas mais tradicionais e populares do Caminho de Santiago.

peregrinos do Caminho de Santiago

A cidade está situada em uma colina, o que lhe confere uma vista panorâmica dos campos. A sua rua principal se estende por cerca de um quilômetro e meio e cruza toda a cidade rodeada de construções históricas.

Castrojeriz tem uma história que remonta aos tempos romanos e visigodos, mas foi na Idade Média que a cidade realmente se tornou um importante ponto de parada para os peregrinos no Caminho de Santiago, fazendo com que fossem construídas igrejas, albergues, mosteiros e hospitais para atender os peregrinos, muitos dos quais ainda existem hoje.

É impossível chegar na cidade e não notar as ruínas de um Castelo (Castrillo de Murcia) que domina a paisagem do alto de uma colina. Embora hoje restem apenas ruínas, o castelo já foi uma fortaleza estratégica importante na defesa da região.

O cemitério fica um pouco afastado, mas claro que eu não ia deixar de visitá-lo.

No entanto, não foi a história da cidade que me fez chegar até ela... Eu fui para voluntariar em um albergue turístico para peregrinos. Meu trabalho consistia em servir o café da manhã e o jantar (5 horas por dia) e em troca recebi a hospedagem em um quarto privado, 2 folgas semanais, todas as refeições, vinho e picolé a vontade.

Foram 15 dias vivendo em um lugar onde fui recebida como se fosse da família... Conheci pessoas maravilhosas, tive noites divertidas e pude fazer boas amizades. Ainda fui convidada à voltar na próxima temporada que será em setembro, dessa vez para trabalhar e receber o pagamento em Euro, além de todas as outras coisas que já recebi como voluntária. Com certeza esse lugar mudará pra sempre o rumo de minha viagem.

José, Belén e eu

eu e Belén (dona do Albergue)

eu, José, Belén, Sandra e José Maria

Andrés (atrás), Gabriel, eu e Paty

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Assista aqui os stories que publiquei no meu Instagram nessa viagem que conta algumas curiosidades sobre meu voluntariado e o Caminho de Santiago: Veja aqui

Burgos (Espanha)

Meu voluntariado fica a 1 hora de distância da cidade de Burgos (indo de ônibus), então aproveitei meu dia de folga para ir...

Ah, que cidade encantadora!

Assim que cheguei fui logo atraída pela Catedral, não é à toa que ela é Patrimônio Mundial da UNESCO. É gótica e simplesmente imponente!

Eu passei um bom tempo admirando suas torres e arcos esculpidos com tanto cuidado. Entrei e achei curioso o fato de possuir um monte de capelas dentro dela. São mais de 15, cada uma com seu próprio santo, riqueza de detalhes e com horários de missas diferentes.

Curiosidade: Cada capela foi construída por uma família nobre ou por devotos que queriam ter seu próprio espaço de oração dentro da catedral.

Agora, uma das coisas mais interessantes que eu encontrei dentro da Catedral foi o "Papamoscas". Ele está localizado bem no alto, perto do relógio da catedral, e aposto que muita gente passa despercebido por ele...

Trata-se de uma figura que representa um homem com uma mandíbula que se abre e fecha a cada hora, sincronizada com o badalar do sino. Quando o sino toca, ele abre a boca, como se estivesse engolindo o tempo, daí o nome "Papamoscas", que significa "come-moscas".

Saindo da Catedral, eu caminhei pelas ruas de pedra do centro histórico, com casarões antigos, estátuas de bronze, pracinhas acolhedoras e muitos bares de tapas onde você pode experimentar um pouco da gastronomia local. Inclusive, fiquei um bom tempo tomando vinho em um deles enquanto admirava a vista.

Apesar de turística e passagem obrigatória de muitos peregrinos que fazem o Caminho de Santiago, a cidade não tem aquela agitação das grandes metrópoles, possui uma atmosfera tranquila e amigável com pessoas calorosas e acolhedoras.

Tive a sorte de caminhar por uma rua encantadora entre a parte antiga e a mais moderna...

Essa rua, ampla e rodeada por árvores, tinha uma vibe alegre cheia de bares, mas com aquele toque especial de tranquilidade que parece estar presente em todos os cantos de Burgos.

Meu tempo foi curto, mas saí de lá com a certeza de que é uma cidade que oferece tanto a grandiosidade do passado quanto a serenidade e o conforto da vida moderna. Se eu tiver a chance, certamente voltarei para descobrir ainda mais sobre esse lugar cheio de histórias e belezas escondidas.

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Assista aqui os stories que publiquei no meu Instagram nessa viagem: Eu em Burgos