Um propósito por onde eu for...

Viajar só por laser e diversão é bom, mas se pudermos acrescentar "algo mais" nessa viagem ela pode ser bem mais produtiva...

Eu já falei aqui sobre felicidade compartilhada, sobre histórias de viajantes, inclusive sobre perrengues que já passei em alguns trechos das minhas viagens... Pois é, todos esses acontecimentos fazem com que eu tenha algo gostoso para recordar.

Gosto de partilhar,  gosto de ajudar e gosto de ver as pessoas felizes. Não faço isso esperando retorno ou reconhecimento, eu faço porque me sinto bem em fazer. Me sinto uma pessoa abençoada e agraciada com tudo que já conquistei até hoje, não busco recompensas.

O fato de estar fazendo voluntariado está fazendo com que eu conheça e vivencie histórias e realidades diferentes das que já vivi. E isso está fazendo eu refletir bastante sobre minha vida, meus desejos e anseios.

Aqui em Fortaleza eu conheci vários viajantes, cada um com sua história e particularidade, mas uma viajante em especial me tocou com sua força e coragem. Ela é colombiana e está no mesmo hostel que eu. O nome dela é Leidy.

Ela tem uma filha de 3 anos e passou mais de 20 dias para cruzar as fronteiras (Colômbia,  Equador, Peru, Bolívia e Brasil)... Vinha como dava: a pé, de carona... Sozinha, vendendo artesanatos pelo caminho, sempre com a filha nos braços.

Quando estava cruzando a fronteira para o Brasil, em um barco, sua mala caiu no rio e ela perdeu quase todas as suas roupas.

O objetivo de sua viagem? Viver no Brasil, onde está o pai da criança e poder oferecer uma vida mais digna à sua filha.

Eu fiquei muito tocada com a história dela, pois enquanto EU estou apenas viajando e curtindo minha vida, ela está tentando sobreviver em outro país, e nem sequer sabe falar o português.

Eu entrei em contato com a Pastoral do Migrante da Arquidiocese daqui de Fortaleza, já que os serviços de imigração estavam suspensos quando ela entrou no país. Eles possuem uma parceria com o Programa Migrante do governo do estado do Ceará e vão ajudá-la a regularizar a documentação dela e da filha... Assim fica mais fácil para ela conseguir trabalho e moradia. Eles também doaram uma cesta básica e material de limpeza.

Virgínia (Programa Migrante do Estado do CE), Leidy (Colombiana) e Macaio (Pastoral do Migrante da Arquidiocese de Fortaleza)

Enviei uma mensagem para alguns amigos e familiares e consegui arrecadar uma ajuda em dinheiro para que ela pudesse comprar roupas e material de higiene pessoal... Outros se prontificaram em enviar doações.

Eu fiquei muito feliz em poder ter ajudado de alguma forma nesse inicio da vida dela aqui no Brasil. Quero tornar esse hábito um propósito pra mim, e espero poder ajudar alguém em cada lugar que eu for, pois esse acontecimento fez a minha viagem em Fortaleza ser bem mais gratificante.