Vou tentar contar aqui como eu decidi fazer o "Alê pelo Mundo" e como foi (e está sendo), o início dessa minha experiência.
Quando eu quis deixar de trabalhar para viajar, eu fiz uma reserva financeira que me permitiria passar 1 ano despreocupada com as despesas levando a mesma vida confortável que eu já tinha. Dessa forma eu poderia viajar tranquila e ainda ter tempo suficiente para procurar um novo emprego e retornar ao mercado de trabalho no ano seguinte.
Porém, veio a pandemia e modificou bastante meus prazos...
Durante os 5 meses que passei em Parnamirim eu não fiz nenhuma viagem, muito menos pensei em trabalho. Passava horas assistindo vídeos e lendo blogs de viajantes e nomades tentando me ver naquela vida.
Foi quando eu tomei conhecimento da existência de diversas plataformas de voluntariado que propicia uma "troca de interesses" entre empresas (hostels, pousadas, ONGs...) e viajantes do MUNDO INTEIRO.
Esses interesses na verdade, nada mais é do que o viajante fazer um tipo de trabalho em troca de sua hospedagem, alimentação, passeios, drinks, aula de idiomas, entre outras coisas...
Os trabalhos são os mais variados possíveis, vai depender se sua habilidade e do que você está disposto a fazer, como: cuidar de crianças, recepção, pintura, limpeza, consertos em geral, ensinar esportes, ensinar idiomas, fotografia, escrever conteúdos, organizar eventos...
A vontade de vivenciar esse tipo de experiência já estava em mim, inclusive eu até me inscrevi em uma das plataformas, porém não tinha tido a coragem (ainda) de me candidatar a alguma vaga.
Foi quando uma amiga me mandou um print de um aviso que ela viu no Facebook dizendo que tinha um Hostel na praia de Pipa precisando de voluntários. Logo onde? No paraíso perto de casa...
Imediatamente eu entrei em contato, combinei tudo por telefone e fui... Foi meu primeiro voluntariado deste tipo. Era um Hostel e minha função era um pouco de tudo: recepção, administração, organização do café da manhã, compras e a melhor: "levar os hóspedes pra beber"... Em troca eu tinha todas as refeições e a hospedagem.
Eu estava amando aquela situação, nem queria sair de lá, pretendia passar uns 2 meses no mínimo... Mas minha alegria não durou muito e eu saí de lá após 17 dias. Infelizmente a relação com o proprietário do estabelecimento mudou de "troca de interesses" para assédio sexual e eu não me senti mais a vontade em estar ali.
Fui pra João Pessoa frustrada com tudo aquilo... Fiquei arrasada com a situação e comecei a gastar em demasia com bebidas e farras... Passava horas no Tinder e saí com vários crushes.
Me vi gastando boa parte da minha reserva de viagem em momentos curtos de prazer... Eu não queria isso. Cheguei a passar uma semana inteira sem sair de casa só comendo pelo Ifood e UberEats... Por um momento eu me senti perdida.
Então eu criei coragem e me candidatei a algumas vagas através do aplicativo da Worldpackers. Fui aceita em três delas (uma em Florianópolis, outra em Fortaleza e outra no Piauí).
Desisti de Florianópolis pela logística (distância, passagem, custos...). Então comecei a focar na vaga de Fortaleza, pelo fato de ser mais perto é possível ir com o carro.
Em outubro eu confirmei minha ida com o Hostel e comecei a sonhar com a viagem que iniciaria na primeira semana de janeiro.
Nesse meio tempo eu convivi quase que diariamente com uma das pessoas mais incríveis que eu poderia imaginar. Sem adjetivos suficiente para descrevê-lo, eu posso dizer que ele é tudo aquilo que eu vinha procurando em "uma pessoa", pois me senti amada e livre. Passamos momentos únicos até chegar o dia da minha viagem, onde me despedi e parti. Saí na intenção de voltar.
Viajei de carro e sem pressa até Fortaleza como já postei aqui no blog. Meu trabalho é na Recepção do Hostel durante 3 dias por semana. Em troca tenho a hospedagem, descontos em passeios turísticos e uma imersão cultural incrível. Nesse mesmo hostel existem várias voluntários de diversos países (Moçambique, França, Argentina, Brasil...). O bom é que podemos trocar experiências e aprender novos idiomas... Vou ficar até o dia 31.
Assim que cheguei no Hostel achei um pouco estranho, pois cada pessoa fazia sua própria comida e depois sentava num canto pra comer... Diferente de quando eu estava em Pipa que comíamos todos juntos.
Teve um dia que eu fiquei tão feliz porque pude fazer um panelão de cuscuz para que todos pudessem tomar café.
Outra noite um mineiro fez uma feijoada maravilhosa... Posso dizer que estamos mais conectados.
Fico encantada com a história de vida dos viajantes, enquanto eu estou há apenas uma semana aqui (ainda com uma visão limitada de turista), tem outros que estão "pelo mundo" há mais de 2 anos. Seja de carro, de ônibus, de bicicleta ou de carona, eles são verdadeiros desbravadores. Alguns nem sequer falam português.
É cada história fantástica que escuto... E isso me trás tanta reflexão... Pois vejo essas pessoas desprendidas de bens materiais, só vivendo e conhecendo novas culturas... A maioria fala mais de 3 idiomas... Não tem apego a nada! Uns viajam sozinhos, outros em grupo de amigos, outros são casais e viajam juntos...
Estou amando cada dia... Amando tanto que não quero voltar à João Pessoa... Não agora! Quero seguir, mesmo com a saudade me cutucando de vez em quando.
Quero ir seguindo pelo Brasil... Conhecer o Piauí, o Maranhão, o Pará... Onde o carro passar! Quando as fronteiras abrirem quero viver essa experiência de voluntariado em outro país.
E assim vou seguindo...
Um comentário:
Essa viagem é muito importante sim.
♥️🌟
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