quinta-feira, 25 de abril de 2024

Alexandria (Egito)

Decidimos visitar Alexandria separado do grupo, então contratamos um carro privativo saindo do Cairo. Queríamos ter mais liberdade de conhecer o lugar ao nosso ritmo, podendo decidir ficar mais ou menos tempo em cada lugar visitado, fato que não dá para fazer em excursões com mais gente. Estávamos empolgadas para ver o que restava da cidade que já foi o epicentro da civilização ocidental.


CHEGAMOS! e, imagino que Alexandre, o Grande, provavelmente deve estar se revirando no túmulo em ver no que sua cidade se tornou.


No passado, Alexandria era um oásis cultural, com ginásios, teatros, bibliotecas e mercados sofisticados que foram construídos com o propósito de atrair gregos exigentes... Hoje, a arquitetura do abandono com prédios inacabados e fachadas descascadas atrai pombos, trânsito caótico e vendedores insistentes tentando nos empurrar souvenirs de qualidade duvidosa.



Nosso primeiro destino foi as Catacumbas de Kom El-Shoqafa, que é um cemitério em baixo da terra, e como amo visitar cemitérios, claro que me empolguei. O lugar é um impressionante labirinto subterrâneo onde romanos e egípcios do passado resolveram misturar suas tradições funerárias.





Lá podemos encontrar sarcófagos egípcios com decorações romanas e uma pitada de arquitetura grega. Um verdadeiro mix funerário.











Em seguida, fomos ao Teatro Romano de Kom El-Dikka. Na época dos romanos, devia ser um espetáculo assistir a peças e discursos nesse teatro de mármores trabalhados. Hoje, não acontece mais nenhum evento cultural no local. E boa parte ainda está sendo escavada por arqueólogos na busca de mais resposta quanto a vida e morte de Alexandre, pois até a data de hoje, ainda não encontraram seu túmulo.







Seguimos para a Biblioteca de Alexandria, lugar mais esperado por nós. A original foi fundada no século III a.C. para atrair a população grega e promover o funcionamento da corte. Passou por várias destruições desde incêndios, terremotos e ataques por ordem religiosa... Então, em 1995, o governo egípcio junto com a UNESCO resolveram reconstruí-la através de esforços econômicos de vários países europeus, americanos e árabes. O prédio atual foi finalizado em 2002, é muito bonito e moderno, parece uma espaçonave pousada no meio do caos urbano.






A nova biblioteca tem milhões de livros além de uma grande quantidade de obras digitais e recursos para pesquisa, a maioria sobre o Islamismo. Só falta convencer os taxistas locais de que conhecimento é mais valioso do que buzinas.









Fizemos uma pausa para almoçar em um restaurante com vista para o mar. Nos serviram pão, patês e salada, seguidos do prato principal que foi um arroz escuro com filé de peixe empanado. Estava muito bom.






Finalizamos o dia em Qaitbay, que ocupa o local onde um dia brilhou o lendário Farol de Alexandria, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo. A fortaleza é bonita, bem preservada e tem uma vista espetacular do Mediterrâneo. Foi a cereja do bolo! Deu até para imaginar navios chegando cheios de mercadorias e marinheiros embriagados discutindo filosofia. 













Hoje, vemos vendedores oferecendo "autênticos" papiros made in China e locais pedindo para tirar fotos com turistas diferentões (tipo eu hahaha).



No fim, Alexandria foi uma experiência curiosa. Ainda que esteja longe de seu esplendor passado, tem seu charme caótico e decadente. Alexandre, o Grande, pode ter sonhado com uma metrópole refinada (o que deve ter sido em sua época), mas a realidade atual é outra. Os antigos gregos precisaram de ginásios e bibliotecas para se sentirem em casa, hoje o que nos trás aqui é o resquício do que eles viveram. 

Assista no meu Instagram como foi esse dia: Egito

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Luxor (Egito)

Após mais uma noite navegando, nos despedimos do navio e descemos em Luxor, uma das cidades mais fascinantes e históricas do Egito. Está situada na margem leste do rio Nilo, onde ficava a antiga cidade de Tebas, capital do Egito durante o Império Novo (c. 1550–1070 a.C.).

Basicamente um museu a céu aberto, com um número impressionante de templos, túmulos e monumentos antigos, a cidade é dividida em duas partes: A margem leste, onde ficam os templos mais famosos com uma área moderna com hotéis, comércio e infraestrutura, e a margem oeste, conhecida como a “cidade dos mortos”, onde estão os famosos túmulos e templos mortuários.

Começamos pelo Templo Mortuário de Hatshepsut, que foi construído na encosta de uma falésia. Dedicado à rainha-faraó Hatshepsut, uma das poucas mulheres a governar o Egito como faraó, esse templo é considerado uma joia da arquitetura egípcia, pois diferente dos templos tradicionais, ele é construído em terraços escalonados que se integram de forma quase natural à paisagem.


Ele foi tanto um local de culto à própria Hatshepsut quanto aos deuses, especialmente Amon-Rá (alguém lembrou do filme "A Múmia"?).


De lá seguimos para o Vale dos Reis e das Rainhas, que é um cemitério real, onde os faraós do Novo Império foram enterrados. Do lado de fora parece apenas um monte de montanhas de areia dura, mas na verdade são centenas de tumbas ricamente decoradas no seu interior. 









As pinturas nas paredes contam a história de cada rei e suas conquistas durante a vida, é como se fosse um grande livro de recordações para a vida após a morte. Quanto mais tempo viveu o rei, mais profunda e mais decorada é sua tumba. Entrar nelas é uma sensação incrível, e ao mesmo tempo, cada vez que saímos, é como estar abrindo a porta de um forno pré-aquecido a 220º, pronto para assar qualquer coisa que venha... Hoje o calor estava literalmente "de matar".








Quase todas as tumbas foram saqueadas, restando na maioria apenas as pinturas e alguns caixões de pedra. Com exceção da tumba de Tutancâmon, que por ser pequena e com a entrada bem escondida, nenhum saqueador teve acesso até a descoberta dela pelos arqueólogos, deixando seu tesouro praticamente intacto. Para entrar nela deve comprar um ingresso a parte, mas eu não quis.

Tumba de Tutancâmon

O calor estava tão insuportável e eu não consegui visitar tudo. Apesar de gostar muito de cemitérios, eu preferi ficar à sombra tomando algo enquanto esperava o restante do grupo.

Ainda visitamos o Templo de Medinet Habu, que não foi só um templo, mas também um complexo administrativo durante o tempo de Ramsés III, um dos últimos grandes faraós antes do Egito começar a decair. 


Poucos turistas vão lá, fazendo com que possamos andar por ali sem muvuca e se sentir tipo um explorador que achou um segredo escondido.




Para esfriar um pouco o corpo, passamos em uma loja de artigos tradicionais e artesanatos para depois seguirmos ao outro lado da cidade.






Em meio aos tours, fizemos um passeio de barco, mas na verdade eu achava que íamos cruzar o rio, SQN, era um tour mesmo, mas estávamos tão cansados com o calor que só buscávamos sombra para se esconder do sol. Não conseguimos disfrutar da paisagem, se é que tinha alguma que valesse a pena.


Já "do outro lado", fomos para o Templo de Luxor e de Karnak – O glamour do antigo Egito em pleno centro da cidade moderna, como se fosse tipo um Parthenon no meio da Avenida Paulista.

Quando chegamos já damos de cara com as colossais estátuas de Ramsés II te encarando como se fossem seguranças de boate: "quem é você na fila da mumificação?". A vibe é surreal.


Do lado esquerdo tá o obelisco original... Eram dois, mas o outro? Tá lá em Paris, sendo chique na Place de la Concorde. Só que aqui você sente o peso da história de verdade.

Lá dentro é cheio de colunas, tem uma fileira gigante delas que parecem troncos de palmeiras. 



Os dois templos são ligados por uma avenida com mais de 1.000 esfinges (sim, MIL!), chamada de "Avenida das Esfinges". Mas claro que fomos de um para o outro no ônibus de turismo, com ar condicionado e o guia nos explicando, pois debaixo de um sol com uma sensação térmica de 50º e sem sombra, seria impossível caminhar por alí...




Karnak é o templo de todos os deuses, parece que os egípcios pensaram: “vamos fazer um templo que mostre quem manda aqui!”, pois cada faraó meteu uma obra lá dentro. Ramsés, Tutmés, Seti, todos eles queriam seu nome no mural. Mas se for para explorar tudo, você vai levar dias...




São 134 colunas com 23 metros de altura, decoradas com hieróglifos, todas enfileiradas como um exército de pedra. A luz entra entre elas e cria uma atmosfera mágica.


Tem um escaravelho da sorte considerado sagrado lá, do tempo de Amenófis III. Dizem que se você der 7 voltas em volta dele (pedindo um desejo), ele se realiza. Todos dão a volta na esperança de que seja real... 



Já estava no final de tarde e ainda íamos para o aeroporto, esse foi o dia mais longo e cansativo de toda a viagem. O calor e a quantidade de lugares que visitamos em um único dia foi bastante desgastante.

no aeroporto esperando o voo

Ainda levamos um belo chá de cadeira no aeroporto devido à desorganização, burocracias e atraso no voo, passamos horas a fio fazendo que que chegássemos super tarde no nosso destino. O cansaço era enorme, mas ao menos fomos compensados. O hotel é simplesmente incrível, um verdadeiro conforto no meio do caos do Cairo. Agora, é hora de descansar porque ainda temos muito Egito para explorar!