sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

O problema da humanidade está nas pessoas...

Parecia um dia normal... Era um dia normal!

Recebo um convite para ver o pôr do sol na "Virtudes", um lugar na cidade do Porto com uma bela vista do Rio Douro.

Depois de uma taça de vinho e uma bela caminhada tagarelando como sempre, chegamos. Realmente, que espetáculo! O entardecer faz-se bonito por si só... A companhia fez-me sentir segura e a vontade para desfrutar de uma garrafa inteira de vinho tinto onde posso afirmar de que falei em menos de 2 horas mais das 3 mil palavras que costumo pronunciar em um dia.

Hora de ir... No caminho um senhor deitado ao chão, no rodapé da calçada em frente a uma fonte antiga... Uma jovem o segurava, acho que ela falava francês... Outro rapaz estava em pé a meu lado... conversamos "um bocadinho", era brasileiro. A emergência foi chamada... Não lembro mais nada.

Estava de volta ao ponto de partida, onde tomei a primeira taça de vinho. Minha mochila estava em cima do balcão junto a meu casaco, meu celular não estava lá, foi quando senti falta dele. Tentei recordar os últimos passos, até refizemos alguns, mas nada... Voltei pra casa, dormi como um anjo.

Três dias se passaram, meu sobrinho me ensinou como localizar o telefone através da conta google, o fiz. Decidi refazer os passos daquela noite seguindo o aplicativo para recordar ou até encontrar o celular.

Cheguei ao ponto onde encontramos o senhor ao chão. Segundo o histórico do google, passei 14 minutos ali. Depois disso, "meu celular" pegou o metrô.

Mas eu não andei de metrô. Foi muito decepcionante perceber que depois de passar anos viajando pelo Brasil, América do Sul e América Central, meu celular foi levado justamente no país considerado o 6º mais seguro do mundo.

Voltei caminhando e relembrando a noite... Alguns flash surgiam na minha mente... Alguns fatos eu não acreditava/não queria estar recordando.

Foi uma noite tão divertida e descontraída, fui simpática e estava feliz. Por que se aproveitaram disso?


Tenho realmente que deixar de acreditar que todo mundo é bom.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

O Ouro & O Tolo

Dois meses atrás eu tomei uma decisão que para muitos soou como loucura: eu resolvi me desfazer de tudo aquilo que demorei mais de duas décadas para adquirir.

Em pouco mais de um mês eu vendi e doei quase todos os meus bens: carro, roupas, utensílios domésticos, artigos de decoração, móveis, joias...

Objetos de qualidade que na época paguei muito caro para adquirir e ao todo vendi tudo por menos de 1/3 do que valiam.

E qual foi o objetivo? Ganhar dinheiro?

Se esse fosse o propósito principal, eu estaria extremamente arrependida agora.

Claro que eu pensei que podia juntar uma boa grana com a venda das minhas coisas e poder fazer uma poupança para comprar minha Kombi ou até me manter por algum tempo nessa vida de viajante... Mas não! Não ganhei rios de dinheiro... Tudo que vendi não chegou nem a 40 mil reais.

Ah... Mas esse valor já dá pelo menos para iniciar a montagem do motohome não é?

SIM, com certeza, quando eu receber!

É que a maioria das coisas eu vendi para amigos e familiares com a promessa de me pagarem "depois". O problema é que não estipulei o prazo desse depois. E até a data de hoje, eu só recebi 7 mil.

Mas até aí tudo bem... o objetivo é utilizar esse dinheiro em março ou abril, quando realmente pretendo iniciar de fato a construção do meu projeto, começando pelo menos com a compra da Kombi, então digamos que essas pessoas podem me pagar até lá pelo menos...

Para não gastar com outros fins, eu comprei moeda estrangeira e fiquei com o dinheiro em espécie (guardado).

Aluguei meu apartamento para viver desse aluguel... Mas dei uma vacilada e não fiz um contrato de acordo com minha necessidade, fato que passarei esse mês sem receber.

O pior de tudo foi que apesar de está vivendo de forma minimalista, sem compras compulsivas e/ou gastos desnecessários, as despesas que eu já tinha esgotaram todo o saldo que eu possuia nas contas.

E o valor do aluguel que seria para pagar as despesas desse mês, não virá (por incompetência minha).

Eu até poderia recorrer a reserva para repor no próximo mês, se eu não estivesse fora do país, ou se o valor estivesse em alguma conta... kkkkkk

Mas respondendo a pergunta que fiz no 4° parágrafo desse texto, eu não me desapeguei das coisas por dinheiro...

Me desfiz de apegos para viver desapegada... Desapego esse, que estou aprendendo a tê-lo inclusive das pessoas... Pessoas que por muito tempo coloquei em primeiro lugar... Amigos "intimos" que num momento de aperto (como esse que estou agora), eu nem posso ligar para contar meu desespero, pois são eles que estão me devendo e eu não quero ter que cobrar.

Então, que venha minha liberdade, minha independência, a realização dos meus desejos e minha felicidade. Coisas que só dependem única e exclusivamente de mim. Afinal, esse é o principal objetivo, com ou sem dinheiro.

domingo, 15 de janeiro de 2023

Passando pelas cidades de Chaves e Guimarães (Portugal)

Devido a indisponibilidade de locais para dormir na cidade de Montalegre por causa da festa, reservamos um hotel em Chaves que fica a pouco menos de 40 km de distância. Então aproveitamos o dia seguinte para conhecer o lugar antes de retornar à Porto.

Localizada bem pertinho da fronteira com a Espanha, a cidade de Chaves possui várias construções de arquitetura romana, ruas estreitas, muitos edifícios históricos e locais interessantes para visitar, incluindo o Castelo de Chaves com sua torre onde podemos subir e ter uma boa vista da cidade.


Castelo de Chaves


Mas uma das grandes atrações é a Ponte Romana que atravessa o Rio Tâmega e liga o centro histórico da cidade ao bairro de São Bartolomeu. É uma ponte antiga, que remonta à época romana, embora tenha sido remodelada várias vezes ao longo da história.

Ponte Romana

Acredita-se que a ponte tenha sido construída no século I d.C. pelos romanos, para facilitar o transporte de mercadorias e tropas militares durante a ocupação da Península Ibérica. Meu sobrinho foi atirar pedra no rio e infortunadamente seu celular caiu do bolso do casaco adentrando bem no fundo daquelas águas agitadas. Tivemos um breve momento de choque seguido de silêncio e inconformismo. Paramos um pouco e fomos tomar um café "quase almoço" antes de seguir caminhando pela cidade.

Depois do almoço, fomos buscar as famosas fontes de águas termais com propriedades curativas e relaxantes, podemos encontrá-las em locais públicos com canos jorrando a água fervendo. É bem comum ver pessoas enchendo galões por lá.

Fonte de água termal

A água brota naturalmente do subsolo da região e têm uma temperatura média de cerca de 73 graus Celsius. São ricas em minerais, como sulfato, cálcio e bicarbonato, e são conhecidas por ajudar a tratar uma variedade de problemas de saúde, incluindo doenças de pele, dores musculares e articulares, problemas respiratórios e de circulação.


Enchemos uma garrafa de 500 ml que quase derreteu com a temperatura da água e pegamos a estrada de volta à Porto, no entanto, fizemos uma breve parada na cidade de Guimarães.

Guimarães é uma cidade localizada a cerca de 55 km do Porto. É considerada o berço da nação portuguesa, já que foi lá que o primeiro rei de Portugal, Afonso Henriques, nasceu. A cidade é rica em história e cultura, com muitos edifícios históricos e locais para visitar, mas como não tínhamos muito tempo, apenas caminhamos pelas estreitas ruas do centro histórico e "almojantamos".


A cidade é uma muito bonita, limpa e bem movimentada, vale a pena ir com mais tempo e desbravar cada esquina. Como estamos no inverno, choveu um pouco e fez frio, mesmo assim, ainda tomamos sorvete, que por sinal são deliciosos.

os sorvetes possuem chocolate no fundo da casquinha

Voltamos para casa já de noite e exaustos, mas com aquela alegria de que apesar dos percalços, valeu apena cada momento que desfrutamos juntos.

sábado, 14 de janeiro de 2023

Montalegre (Portugal)

Ontem alugamos um carro e viajamos de Porto até Montalegre, uma pequena cidade situada no distrito de Vila Real, na região Norte de Portugal.

Dudu, Gabriel, eu, Lua e Dea

Apesar de ser um destino popular para turistas que procuram explorar a natureza, fazer trilhas e desfrutar de atividades ao ar livre, como canoagem, escalada e pesca, nossa ida até lá não foi por nenhum desses motivos.

Há mais de 40 anos Montalegre tem uma tradição muito peculiar em relação à Sexta-Feira 13. Lá, essa data é celebrada com festas, faça chuva ou faça sol, inclusive pode até nevar. Não importa quantas sextas-feiras 13 tenham no ano, sempre haverá uma festa para cada uma delas.


Durante a Noite das Bruxas (nome dado a festa), a cidade é toda decorada com fogueiras e temas assustadores (estilo halloween), e os moradores se vestem com roupas temáticas de bruxas e outros personagens e ficam caminhando pelas ruas. Há também muitas barracas e tendas com a venda de comidas e bebidas típica da região denominadas como Feira dos Esconjuros.




Uma atração popular da cidade é o Castelo Medieval que foi construído no século XIII e oferece uma vista da cidade e das montanhas circundantes, no entanto, como havia muita névoa não deu pra ver muita coisa. O palco principal onde é apresentado o espetáculo fica bem em frente ao castelo.

em cima do Castelo

O tema do espetáculo desse ano foi "O NOVO INFERNO":

«No inferno, duas BRUXAS que foram salvas por LÚCIFER de arder na fogueira em 1506, queixam-se do que as rodeiam. O que mais as chateia é que, quando vivas, eram adoradas ou temidas e, ali, não são ninguém. Estão eternamente agradecidas ao todo poderoso, mas são aliciadas a fugir do inferno: julgam que no mundo dos vivos serão adoradas! As BRUXAS não hesitam em voltar à terra e o luminoso Ser infernal irá mostrar-lhes as verdadeiras trevas. Uma vez na terra, LÚCIFER faz de tudo para só colocar no caminho das BRUXAS todo o tipo de loucuras e extravagâncias. Sendo que as BRUXAS originam de tempos medievais, esta nova realidade choca-as e torna-se um tormento. LÚCIFER engendra um pequeno inferno na terra e as BRUXAS realizam que o mundo não é como imaginavam. Em desespero, tentam voltar ao inferno mas LÚCIFER não as aceita de volta. Mais uma vez as gentes de Montalegre e a Queimada do Padre Fontes excomungam todo o mal! (Fonte: Câmara Municipal de Montalegre)»

Logo após o espetáculo, que já acontece pertinho da meia noite, sobe ao palco o famoso padre Fontes, pároco da cidade e principal atração da festa (foi ele que começou com o evento há cerca de 40 anos). Ele é quem lidera uma das queimadas no qual são servidas bebidas alcoólicas intrínsecas à festa — Tudo grátis, tendo em vista que é um presente da câmara municipal.

Já depois da meia-noite acontece um espetáculo piromusical com muitos, muitos fogos de artifício por mais de meia hora. Como estávamos com Lua, saímos da festa antes dos fogos claro! pois ela sofre muito com eles. Mas festa prolonga-se noite adentro, muitas vezes até o dia amanhecer, principalmente se for no verão.

eu com minha caixinha de vinho antes de perder a memória

Estava fazendo um frio desgraçado, mas a grande quantidade de fogueiras espalhadas pela cidade, apesar de nos deixar podre a fumaça, amenizaram a temperatura. Eu levei 5 caixinhas de vinho dentro da mochila na qual consumi todas elas mais uma dose extra de licor de ginga (tradicional da região). Vomitei tudo no final depois de dançar e me divertir bastante. Não lembro como foi a volta, eu apenas lembro que minha maior preocupação era não deixar o carro sujo de vômito kkkkkk

Adorei a festa, principalmente por ver que era algo bem tradicional e local. Quase não vi estrangeiros ou turistas e espero poder participar novamente dessa festa em uma época menos gelada, quem sabe eu até vou fantasiada?!