Rita de Cássia era seu nome, mas todos chamavam-na carinhosamente de "Cassinha".
Era minha tia mais jovem, irmã do meu pai, uma pessoa incrível, divertida e companheira. Tinha uma sinceridade cativante e direta, que fazia com que todos se sentissem à vontade ao seu redor. Sempre que ela chegava em algum lugar, o ambiente ficava em êxtase.
Partiu em 2015 após poucos dias de ser diagnosticada como soro positivo. Foi tudo muito rápido, eu tinha falado com ela na mesma manhã enquanto comia caranguejo (ela amava caranguejo). Quase não acreditei quando recebi a notícia de seu falecimento.
Seu corpo foi cremado e suas cinzas foram colocadas em uma urna. Apesar de amar cemitérios, eu acredito que cremar um corpo pode trazer uma sensação de libertação tanto para o falecido quanto para os seus entes queridos. Ao contrário de um enterro tradicional, onde o corpo é colocado em um caixão e enterrado, a cremação permite que o corpo seja transformado em cinzas e devolvido à natureza de uma maneira mais simbólica. É como se o corpo físico fosse liberado para permitir que o espírito possa seguir em frente.
No entanto, suas cinzas ficaram paradas por mais de 7 anos, e isso estava me deixando angustiada.
Foi quando me apareceu uma oportunidade sobrevoar João Pessoa com Bebeto, meu amigo-primo que também é piloto, justamente no dia do aniversário de Tia Cassinha (17 de dezembro). Foi a oportunidade perfeita para jogar as cinzas lá do alto, diretamente no mar, lugar que ela amava.
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eu e Bebeto |
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vista de cima da Praia de Tambaú em João Pessoa |
Ver as cinzas sendo soltas sobrevoando o mar, na praia que ela ia quase que diariamente foi uma experiência emocionante e única. Como se estivéssemos devolvendo à natureza aquilo que um dia nos foi emprestado, permitindo que o vento leve consigo as memórias e o amor que temos por ela.
E mesmo que as cinzas se dissipem no ar, como uma nuvem que se desfaz, sabemos que aquela pessoa sempre estará conosco, presente em cada momento que passamos. Pois o amor que sentimos por ela é como o mar, infinito e eterno, sempre presente em nossas vidas, mesmo que não possamos tocá-lo.
Adeus Tia Cassinha, que agora você esteja finalmente em paz.
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