segunda-feira, 19 de abril de 2021

Eu e os cemitérios de Belém

Todo mundo sabe minha paixão por cemitérios né? Dos mais simples aos mais pomposos, adoro todos!

Comecei a buscar no Google os cemitérios de Belém, e pra minha alegria acabei encontrando algumas curiosidades e lendas sobre eles, o que me deu mais vontade ainda de visitá-los.

Segundo Fernando Sampaio do alem.com.br, grande parte do bairro Campina (onde estou hospedada) foi erguido em cima de um  antigo cemitério, inclusive ele cita que há suposições de que o nome do Theatro da Paz remeteria ao nome do antigo cemitério que teve que ser reduzido para o crescimento da cidade.

Em uma de suas postagens ele falou sobre 3 cemitérios que atiçou mais ainda minha curiosidade em conhecê-los, principalmente por serem aqui bem pertinho de onde estou. Pude ir caminhando.

Comecei pelo Cemitério da Soledade que achei lindo! Ele ocupa um quarteirão inteiro e atualmente não recebe mais corpos, pois apesar de aparentemente ter espaço nele, o mesmo já está lotado. Ele está em obras e não tá sendo permitido a entrada dentro dele, mas pude apreciar os belos mausoléu existentes pelo lado de fora.

Cemitério da Soledade




"Rua" principal do cemitério


Do outro lado da rua, tem um mini cemitério da Igreja Anglicana, o Cemiterio dos Ingleses de Belém, com poucos túmulos, todos bem limpos e bem cuidados.



Na mesma calçada, quase imperceptível e com um muro bem pixado, está o primeiro cemitério judeu do Brasil, o Necrópole Israelita. Alguém colocou uns lençóis pra secar na grade, mesmo assim eu me aproximei e pude ver os 28 túmulos existentes lá.



Estava um calor dos infernos e mesmo carregando um guarda-sol que mais parecia uma tenda (para me fazer sombra), eu estava derretendo... Mesmo assim, parti para a melhor de todas as visitas: O Cemitério de Santa Izabel.

É que em Belém existe uma lenda da "moça do táxi".

Josephina Conte

A história: uma jovem moça italiana chamada Josephina Conte morava em Belém na década de 20. Todo ano no dia do seu aniversário (19 de abril), seu pai a levava para um passeio de carro por alguns pontos da cidade... A jovem faleceu aos 16 anos em 1931.

A lenda: No dia 19 de abril uma jovem moça estava na frente do cemitério Santa Izabel e acenou para um táxi que parou. Depois que ela entrou no veículo,  pediu ao motorista que passasse por vários lugares que lhe agradava, e depois pediu que a deixasse de volta no cemitério... A moça então informou um endereço ao taxista para que o ele fosse cobrar da corrida. Mas quando o motorista chegou no lugar indicado, descobriu que não morava nenhuma moça ali, mas viu a foto dela na parede e apontou "é aquela!". Foi quando a família informou que a garota já havia falecido há alguns anos. Existem vários relatos de taxistas com essa história,  dizem até que a mesma já está solicitando a corrida por aplicativo! Olha aí... espírito moderno.

Enfim, eu já havia ouvido histórias parecidas, mas essa é a primeira vez que a personagem tem nome e até um túmulo para identificá-la.  Então,  aproveitei que era dia 19 de abril, peguei um táxi e fui direto para o cemitério.

O cemitério é enorme, limpo e muito bonito. O túmulo de Josephina fica numa das vias principais e em destaque. 

não sei a quem pertence,  mas achei muito bonito

simples e rústico, também gostei

"Rua" principal do cemitério 

Quando cheguei no túmulo da "moça do táxi", não tinha ninguém lá, mas havia algumas flores de plástico, algo aceso que não parecia vela, e uns copos com água, me lembrou a "Capela Marialves" de Pedro II (Piauí).

lápide do túmulo de Josephina Conte

a vela que está na frente, fui eu que coloquei

Fato interessante: Quando eu estive em Pedro II, eu visitei a Capela de Maria Alves que foi uma adolescente de 14 anos que morreu de sede e de fome após fugir da seca do Ceará com sua família tentando encontrar refúgio no Piauí. Seu corpo foi deixado pra trás onde foi encontrado dias depois por moradores que o enterraram no mesmo local.  Dizem que um vaqueiro que passava pelo local avistou uma luz em forma de criança subindo ao céu do local na qual ela foi enterrada. Desde então ela é tida como uma santa milagrosa e existe até uma capela muito visitada por fiéis.  Encontrei até dinheiro lá quando fui...


Capela Marialves em Pedro II (Piauí)

parte de dentro da capela


muitas garrafas com água e velas

dinheiro deixado como gratidão junto a uma fotografia

Eu me lembrei dessa história, porque lá em "Marialves" (assim mesmo, junto), as pessoas deixam muitas garrafas com água pelo fato dela ter morrido de sede. Daí veio a curiosidade de como será que Josephina morreu, pois alguns relatos dizem que foi tuberculose,  outros que ela definhou até seu fim, e ainda cheguei a ler que ela foi violentatada... enfim! Não sei dizer a real causa, mas achei interesse os copos com água no seu túmulo.

Assim como Maria Alves, Josephina Conte também atrai muitos devotos em busca de graças que fazem preces e deixam placas de agradecimento quando alcançam.

agradecimento por ter passado no exame da OAB

agradecimento por uma graça alcançada

Enquanto eu ainda estava fotografando o túmulo,  chegou um casal que também trouxe velas para Josephina. Em seguida chegou mais um grupo de pessoas com rosas...

Wagner e Vânia acendendo velas

turma do "Belém de Arrepiar"

Essa turma maravilhosa que tive o prazer de encontrar lá no cemitério,  estava fazendo uma live para o canal Belém de Arrepiar, e eu fiquei muito lisonjeada em participar.

Assista pelo YouTube: aqui

Conheci o Paulo Maués Corrêa, um paraense arretado que é professor, pesquisador e escritor.  Ele também tem um canal no YouTube e até me citou em uma das lives dele, clique aqui para assistir. Eu ainda saí de lá com duas obras maravilhosas escritas por ele, que vou ler com muita satisfação.

livros escritos por Paulo Maués Corrêa

Foi um dia maravilhoso, visitei cemitérios e ainda conheci pessoas novas, não é incrível?! O dia perfeito!

eu, Adriano, Paulo, Juliana e Queila

Ah... quando eu estava indo embora do cemitério,  ainda na calçada do mesmo, observei uma parte exclusiva de túmulos de israelitas.  Achei bem interessante e fotografei.


***

Referências:

Página acessada "Belém Assombrada"

Página acessada "Causos assustadores do Piauí"


3 comentários:

ANA LUCIA disse...

Só você pra ver e nos mostrar beleza até em cemitério. Contudo, eu vejo através do seu olhar, a beleza que nem mesmo você percebe que tem, e me pego viajando em suas fotografias, parecendo que eu posso sentir através delas.
Esse é verdadeiramente o espírito de uma viajante que registra e compartilha suas experiências. Seu espírito é livre Alessandra, e por isso se descobre em cada encontro e em cada lugar. Com coragem deixou os artifícios do conforto, as interações que já conhecia e já dominava, pra deixar-se surpreender pelo que é sempre novo.
Viajar, assim como num retiro espiritual, também pode ser uma jornada para dentro de si mesmo. Oportunidade de conhecer o mundo para se conhecer. Ver fora para entender dentro. Sim, há muita beleza em todos os lugares, o feio e o belo não estão no exterior e sim no interior de nossos corações. Por isso é que a beleza que nos mostra está primeiramente dentro de você.
Te amo! Deus te abençoe!

Doubleday disse...

Tem gente que é louco por shopping, praias, compras, etc...

Você não pode ver um cemitério que quer logo entrar. :-D

Um forte abraço carinhoso do seu Catarina. ;-)

Adriano Costa disse...

Trabalho maravilhoso o seu, Alê. Uma honra ter te conhecido. Beijão!