Uma das séries que mais gosto de assistir quando tenho tempo livre é "Casamento as Cegas", chego a ver um episódio seguido do outro até o final torcendo para que os casais apaixonados deem certo.
Por um breve momento cheguei a questionar se era realmente possível se apaixonar por alguém sem nunca ter visto. Até que aconteceu algo parecido comigo.
Foram muitas trocas de mensagens, músicas, fotos... Falávamos de preferências, de comida, da família, de opiniões...
Marcamos um encontro pessoalmente e confesso que eu estava ansiosa por esse dia e já imaginava futuros outros encontros... Sim, eu estava com uma leve paixonite.
Fomos a um bar movimentado, lá conhecemos outro casal e conversamos enquanto bebíamos. Apesar de entender o inglês, o sotaque dificultava minha compreensão, mas pude sentir um pouco de autoridade patriarcal no contesto da conversa.
Fomos a outro bar, dentro do hotel que ele reservou para nós. Conhecemos mais pessoas e seguimos disfrutando, até o memento de subir para o quarto.
Acho que em toda minha vida, nunca estive com alguém tão bruto e tão egoísta.
Não consigo relatar exatamente o que aconteceu, porque não lembro. Tenho apenas alguns flashes na memória.
Fui acordada as 3h da manhã por um rapaz bonito e muito bem vestido que entrou "por engano" no quarto. Eu estava nua e havia sangue na cama, nos lençóis e na toalha... Eu estava só.
O rapaz se apresentou, eu não lembro o nome dele, mas ele tinha uma aparência de gente fina e culta, ele disse que era de Londres...
Ele me perguntou quem eu era e porque eu estava ali... Minha cabeça girava, eu estava com o raciocínio meio lento e apenas disse que estava com alguém.
E quando o descrevi, ele falou: essa pessoa está lá embaixo, no bar do hotel, ele não é uma boa pessoa, ele não bate bem da cabeça, o que você está fazendo aqui? Fuja!
Nossa, aquilo foi tão forte! Eu me levantei, me vesti e saí... Eu me tremia... Foi quando me dei conta de todo o sangue...
O rapaz perguntou se eu queria ir pro quarto dele, ou outro lugar... Eu disse que não, só queria sair dalí. Então ele desceu comigo e me ajudou a sair do hotel sem que o outro me visse.
Já na rua, eu corri, corri sem olhar pra trás. Cheguei no meu hostel tremendo, assustada, meio grog e dolorida. Desliguei meu telefone e deitei na minha cama. Ainda em chock, demorei muito para conseguir dormir.
Queria que tivesse sido apenas um pesadelo, mas infelizmente não foi.
No outro dia meu celular estava cheio de mensagens e ligações perdidas. Não respondi.
Meu coração estava destroçado e o meu corpo ferido. O rapaz que misteriosamente apareceu na madrugada foi um anjo que me salvou e provavelmente nunca mais o verei.
Percebi o quanto eu estava carente de palavras bonitas a ponto de criar fantasias românticas na minha mente...
Me desapontei mais uma vez com o homem, mas não quero permitir que isso me afete ainda mais.