Com tudo fechado devido o novo decreto de isolamento pandêmico, não ficaram muitas opções para desfrutar o litoral... Enquanto as festas clandestinas bombam à internet, por aqui nem escutamos falar delas...
É aí que está a diferença em "viajar por turismo" e "viajar por uma imersão cultural"... Se eu estivesse vindo aqui simplesmente como turista eu poderia estar frustrada ou entediada em não poder fazer nenhum "passeio"... Mas é exatamente nesses momentos únicos que mais me surpreendo.
A dona do hostel em que estou voluntariando em Parnaíba viveu e cresceu no município de Piripiri (interior do Piauí). Então, aproveitamos o "feriado de carnaval" para visitar sua cidade.
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eu, Felipe, Keyni e Inês |
Peryperi (grafia primitiva da época) tem uma história bem interessante... Trata-se de uma cidade relativamente nova, como a maioria das cidades no Piauí. Ela na verdade foi "feita" por um padre que em 1844, após ter lutado pela independência do Piauí, decidiu se refugiar em suas terras construindo nelas uma casa e uma capela dedicada a Nossa Senhora dos Remédios.
Padre Domingo de Freitas e Silva viveu apenas com sua família através da agricultura e criação de gado até 1855. Ele também era produtor de cachaças e rapadura quando percebeu que tinha propriedade demais. Então ele decidiu dividir "suas terras" em pequenos lotes e oferecer a quem quisesse morar ali... Ele também doou 300 braças quadradas de terra à Capela de Nossa Senhora dos Remédios (demarcado judicialmente). Em 1857 já parecia uma vila, pois começaram a chegar muitas famílias, e o próprio Padre Freitas abriu uma escola e começou a dar aulas de primeiras letras e latim. O lugar era conhecido como um "distrito de paz".
Em meados de 1870, outro padre, Antônio Bezerra de Menezes fundou um educandário chamado Instituto Arcoverde prestando relevantes serviços ao local. E em 1910 finalmente a vila foi elevada a categoria de cidade, sendo então chamada de Piripiri.
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estátua de Nossa Senhora dos Remédios |
Atualmente, sendo a terceira maior cidade do estado do Piauí, ela desenvolve seu potencial turístico com várias atrações de belezas naturais. Eu pude visitar apenas algumas delas, pois nem todas estavam abertas à visitação.
O lugar que achei mais interessante, não fica exatamente em Piripiri, mas no caminho de lá, quase chegando no Parque Nacional das Sete Cidades. O nome do lugar é "Quintal do Curiólogo".
O local é um empreendimento familiar criado por dois irmãos (Edimar e Osiel). Na entrada vemos logo um monte de invenções no estilo do inspetor bugiganga que são realmente bem curiosas (taí o nome do lugar).
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para higienizar as mãos |
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academia ao ar livre |
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rede feita com borrachas |
Osiel é um guia turístico com bastante conhecimento na região, um tour com ele é uma aula. E dizem que se o irmão estiver junto, além do conhecimento, a diversão está garantida no passeio.
O lugar não é apenas curioso, ele também oferece belas paisagens, trilhas e lugares para se hospedar. Isso mesmo, você pode passar a noite no meio da natureza em casas da árvore com varandas, energia e até wifi.
O tour pelo lugar custa R$ 7,00 (por pessoa) e a hospedagem R$ 30,00 (a noite). Também existem as trilhas que variam de acordo com o percurso. O agendamento e reservas pode ser feito pelo telefone (86) 9.8146-7412 ou pelas redes sociais: @curiologo01 (Instagram) e Curiólogo setecidades (Facebook).
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aqui você pode pôr sua barraca, ou rede |
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Keyni, eu, Osiel, Jamyle e Felipe |
Seguindo o caminho, fomos ao Parque Nacional Sete Cidades que fica localizado entre as cidades de Piracuruca e Brasileira (vizinhas de Piripiri), possui ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cenica.
O parque tem esse nome por possuir 7 grupos de formação rochosas... Nem todas as "cidades" estavam abertas para visitação, mas pudemos ver boa parte.
A entrada no parque é gratuita e pode ser feita de carro, bicicleta ou a pé. A visita guiada é paga e depende de quantas cidades você quer conhecer (a partir de R$ 100,00 por grupo de pessoas).
A mais visitada porém, é a segunda cidade, que possui o ponto mais alto do parque com um mirante de 82 metros de altura. E uma vista incrível!
O mais facinante na verdade, são as formações geológicas com pedras enormes e de formatos bem curiosos.
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parece um elefante |
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parece o mapa do Piauí |
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parece um canhão |
Em alguns lugares existem pinturas rupestres na qual representa que alguém em um passado distante esteve por ali...
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sabe lá o que significa isso |
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aqui podemos imaginar um cachorro latindo para o homem por causa do sinal do wifi |
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aqui podemos imaginar uma subestação de energia elétrica |
É meio frustante saber que em alguns países existiram civilizações antigas extremamente inteligentes como os Maias, Incas, Astecas, Egípcios, Cretenses... Que deixaram registros históricos e até hoje servem de estudos para astrologia, engenharia, matemática... Enquanto aqui no Brasil encontramos de forma bem mal conservada e sem nenhuma explicação concreta algumas marcas de mãos e desenhos semelhantes aos que fazemos no jardim de infância.
Dependendo do guia que você pegar, poderá sair com bons conhecimentos da região, ou apenas boas fotos.
Seguimos viagem pela bela vista da estrada...
Com o calor que estava fazendo, decidimos parar no açude Caldeirão para nos refrescar. Ele está localizado a 9 km da cidade e é utilizado como fonte de lazer com várias opções de restaurantes.
Ficamos no Bar e Restaurante Lindomar, com um atendimento muito bom, comida bem servida e preço justo.
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camarão do açude, pequeno e saboroso |
Dormimos na casa dos tios da Inês, uma família maravilhosa que nos recebeu muito bem. A casa é espaçosa, aconchegante e fica localizada na zona rural, onde pudemos dormir e acordar desfrutando o som da natureza.
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Zé, Emanuel, Inês, tia Lú, eu, Keyni, Felipe e Vera |
No dia seguinte, após um café da manhã carinhosamente preparado, pegamos a estrada rumo a cidade de Pedro II. O dia estava chuvoso e com um clima agradavelmente frio (para nós nordestinos).
Pedro II é uma cidade cheia de riquezas naturais, desde suas minas de opalas, até montanhas, cachoeiras e artesanatos. Suas ruas trazem a herança colonial portuguesa traduzida no charme arquitetônico do casario da cidade.
Conhecida como a "Suíça Piauiense" devido sua agradável temperatura de serras, ela também é famosa pelo seu festival de inverno.
É em Pedro II que existe a única reserva de pedras semipreciosas de Opala no Brasil, e é a segunda maior do mundo (a primeira está na Austrália). A tonalidade corpórea dessas pedras variam de tons claros a escuros, podendo ser encontradas em cores variadas.
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Opala bruta |
Existem joias feitas com uma única pedra, e outras com um mix delas em pedaços pequenos formando lindos mosaicos.
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cacos da pedra para fazer os mosaicos |
Podemos encontrar várias joalherias pela cidade com preços e design que variam de uma loja à outra.
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Loja que fiz minha compra |
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pingente que comprei feito com mosaico |
Aproveitamos para visitar o Morro do Gritador, que possui uma vista panorâmica de 720 metros acima do nível do mar.
Em seguida começou a chover tão forte que a única opção era parar em um restaurante e comer. Foi o que fizemos...
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Keyni, Felipe, eu, Inês e Ghessey |
Em seguida pegamos a estrada (de volta à Parnaíba).
Foram dias incríveis para mim, pois pude conhecer as belezas do interior do Piauí, desfrutar de companhias agradáveis e estar em lugares que eu nunca poderia ter visto se estivesse ido sozinha.
Muito legal! Os caras são inventores mesmo! Rsrsrs... os registros dos nossos ancestrais podem não serem os melhores aí onde vc foi, mas isso não devia ser frustrante e sim empolgante... temos muita tecnologia usada hj baseada nos povos antigos... cada lugar massa, aproveita amiga!!!
ResponderExcluirUauuuu Ale, que viagem maravilhosa...
ResponderExcluirVocê consegue em suas palavras me colocar dentro dessa linda jornada.
Um forte abraço e não pare nunca de ser essa mulher que és. Pois adoro assim. :-D
Adorei!!
ResponderExcluirQue lugares lindos e pitorescos!
Alivia a saudade viajar através dos seus olhos!
Te amo!!!
Deus te abençoe!